6 coisas que quem não bebe gostaria que os amantes de álcool entendessem

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Lembre-se disso da próxima vez que sair com os seus amigos.

Veja o que seus amigos que não bebem gostariam que você soubesse.
Fala-se muito sobre as regras do consumo de álcool, mas raramente se menciona como as pessoas devem se comportar com quem não bebe.

Acontece que os abstêmios também têm sentimentos e querem ser ouvidos. Perguntamos a nossos amigos abstêmios no Facebook o que gostariam que os tomadores de álcool soubessem a seu respeito. Veja o que eles responderam.

  1. Dividir a conta igualmente raramente é justo para quem não bebe álcool
    Os americanos gastaram estimados US$799 bilhões nos restaurantes do país no ano passado. A maioria dos restaurantes tem o objetivo de obter 30% de sua receita com bebidas alcoólicas; logo, essas bebidas muitas vezes compõem uma parte grande da conta. Quem já não saiu com um grupo grande de amigos ou colegas e, quando a conta chegou, alguém sugeriu “que tal fazermos uma divisão igual?”

Poucas pessoas querem ser a única que levanta a mão para protestar.

“Acho chatíssimo e injusto quando me vejo obrigada a pagar parte das bebidas alcoólicas caras que outras pessoas tomaram”, disse Leila Mostafavi. “Cria-se uma tensão silenciosa, e se eu não quero pagar uma parte igual, as pessoas me julgam mal. Mas é justo que eu tenha que pagar mais, sendo que tomei apenas um refrigerante que custou US$3?”

Outras pessoas disseram a mesma coisa: se os drinques elevam a conta em 30%, por que uma pessoa que não bebeu teria que pagar essa conta? Quando um grupo de pessoas sai para comer fora, alguns dos presentes pedem entradas, sobremesas, café ou um prato mais caro, e às vezes a conta reflete mais ou menos o mesmo valor para cada um. Mas quando uma das amigas pede apenas uma salada e água, enquanto outra devora um filé imenso e toma uma garrafa de vinho, a conta não deve ser dividida igualmente, dizem os abstêmios.

Se os tomadores de álcool não se adiantarem e insistirem que os que não beberam paguem menos quando os outros tomaram três coquetéis de US$15 cada um, não há problema algum que os abstêmios do grupo digam “tudo bem se eu pagar apenas pelo que pedi?”. Não há necessidade de explicar o porquê, segundo a coluna de etiqueta “Manners Matter”.

A leitora Sheri Rego destacou que, embora isso possa “parecer mesquinho”, quando ela sai com pessoas que bebem álcool, às vezes pede uma sobremesa ou entrada, só para gastar tanto quanto elas.

“Só que as pessoas querem que eu divida minha sobremesa com elas, sendo que não dividiram seu coquetel caro comigo”, ela escreveu.

Vários leitores que não bebem dizem que às esperam que os outros presentes façam seus pedidos primeiro. Se as outras pessoas todas pedirem bebidas alcoólicas, eles pedem ao garçom para colocar o pedido delas em uma conta separada.

  1. Sóbrios também precisam de apoio
    Muitas pessoas que estão se recuperando do alcoolismo ou passando um mês sem beber – adotando Lei Seca por um mês –, não gostam quando sua abstinência é comentada ou discutida. Dizem que um pouco de sensibilidade cairia bem.

Diane Williams McMullen está sóbria há mais de 32 anos e disse que não deveria ser obrigada a explicar por que não bebe. Mesmo assim, as pessoas lhe perguntam isso sempre. Quando é pressionada a responder, ela diz, brincando, que é alérgica a álcool.

David Lawrence é outro que opta pelo tom de brincadeira. “Digo que estou fora da cadeia há 30 anos e quero continuar assim. Isso geralmente silencia quem estiver tentando me convencer a tomar um trago.”

Nem todo o mundo que não bebe é alcoólatra em recuperação. A ex-editora do HuffPost Yagana Shah explicou que não bebe porque sua religião não o permite. Jeff Perlman disse que parou de beber quando terminou a faculdade, por razões de saúde. Algumas pessoas não bebem porque estão tentando perder peso, enquanto outras querem economizar dinheiro. Muitas outras simplesmente não curtem o sabor ou os efeitos do álcool.

Um estudo de 2014 da North Carolina State University revelou que os abstêmios sentem que precisam lançar mão de várias estratégias para poder participar de eventos sociais sem ficarem constrangidos ou provocar incômodo em seus colegas de trabalho ou clientes. Alguns participantes do estudo dizem que fazem tudo menos mentir diretamente sobre o fato de não beberem, como se não consumir álcool fosse algo do qual se envergonhar. Em vez disso, falam “resolvi passar o dia sem beber” ou “vou ter que acordar muito cedo amanhã”.

Outros participantes disseram que, para não destoarem do grupo, pedem uma bebida alcoólica mas não a tomam. Algumas pessoas explicaram que têm medo de ser vistas como moralistas ou julgadoras. Uma mulher que não bebe porque toma remédios para um problema de saúde mental disse a seus colegas que álcool lhe provoca enxaqueca.

  1. Os sóbrios não curtem quando você os pressiona a tomar um drinque
    “As pessoas que bebem ficam obcecadas com os hábitos dos abstêmios; geralmente esse assunto vira pelo menos um dos tópicos do papo da noite”, falou Reem Baroody, amiga na vida real. “Em algum momento, alguém com certeza vai deixar entender que o fato de eu não beber significa que estou julgando quem está bebendo. Na realidade, isso revela muito mais sobre essa pessoa e suas inseguranças do que sobre minha Coca sem gelo.”

E os abstêmios são pressionados a beber. De verdade.

Amy Flynn Eldridge, fundadora da organização beneficente Love Without Boundaries, comentou que uma das coisas que menos gosta de ouvir é “vamos lá, tome uminha só. Solte a franga!”. “Como se eu não pudesse me divertir estando sóbria!”

Thomas Pease contou que já ouvi de algumas pessoas: “Um drinque apenas não vai te matar”. Ele responde: “É verdade, mas eu não quero, mesmo assim.”

Julie Wallach não bebe há 30 anos. Diz que já perdeu a conta de quantas vezes lhe disseram “mas agora você já pode tomar um drinque, já foi tempo suficiente sem beber!”. Ela disse ao HuffPost: “Tá, tá bom. Quando eu bebo, eu desmaio ou fico violenta e choro incontrolavelmente ouvindo músicas da banda Bread. Você não vai me querer ber bêbada, pode acreditar.”

Nikki DiFrancesco não bebe muito. “Isto dito”, ela comentou, “é altamente irritante quando as pessoas tentam fazer pressão para eu beber com elas. Você não vai querer que eu te policie para PARAR de beber. Eu não quero ser policiada para começar.”

Elliott Almond disse que quando sai com amigos, eles “de vez em quando tentam me forçar a beber, como se eu fizesse parte de seu time esportivo juvenil.”

“É embaraçoso, é uma falta de respeito”, ele prosseguiu. “Não posso beber álcool porque tomo um medicamento forte. Se eu misturar o remédio com álcool, meus rins ficarão lesados.”

  1. Os sóbrios não estão aqui para cuidar de você
    A maioria dos abstêmios fará o possível para garantir que um amigo embriagado chegue em casa em segurança. Mas nem por isso os bebedores devem imaginar que o abstêmio mais próximo seja responsável pela segurança deles quando se embebedam.

Janet Paul Eiser comentou que os abstêmios frequentemente são tratados como se fossem babás. E vários leitores comentaram que, embora não se incomodem em ser a pessoa que vai dirigir e levar os amigos para casa, não curtem ver a balada se esticar até a madrugada enquanto eles ficam apenas ali, esperando o momento de fazerem o papel de motorista de táxi.

Vassi Bieber recordou uma vez, anos atrás, quando concordou em ser a pessoa que levaria todo mundo para casa. Ela estava grávida e deixou claro que teria que chegar em casa até as 23h, no máximo.

“Já tinha passado da meia-noite, e eu só implorando para minha amiga ir embora comigo, e ela se negando a sair”, ela comentou. Bieber acabou organizando outra carona para sua amiga.

Maureen Fay Topper comentou: “Não é nem um pouco divertido estar numa mesa com um bando de gente bêbada, especialmente se você se deixou convencer a ser a pessoa que vai levar todo o mundo para casa. Porque, se for esse o caso, você não pode ir embora quando o pessoal começa a ficar chato – é obrigada ficar até o fim, porque é você quem vai levar as pessoas para casa.”

  1. Os sóbrios precisam de mais e melhores alternativas ao álcool em festas e restaurantes
    Vários leitores acham que os restaurantes deveriam oferecer mais opções de bebidas não alcoólicas além de refrigerantes, água, café ou chá gelado. Não seria possível acompanhar seu prato com algo mais interessante que uma Coca diet? Ficar sóbrio significa que sua única opção é passar a noite com uma garrafa de água com gás?

Alguns restaurantes de alto padrão servem combinações de pratos com bebidas específicas não alcoólicas, algo conhecido como “temperance pairing”, mas essa tendência está longe de ser generalizada. Mesmo assim, ela não chega a ser uma novidade – o chef Thomas Keller a promove há mais de uma década em seus célebres restaurantes Per Se e French Laundry. Agora, não é algo que se vê com frequência naquele restaurante na esquina onde o pessoal do escritório costuma se reunir depois do trabalho.

As pessoas que não bebem álcool também achariam ótimo se houvesse mais consciência de que também elas desejam bebidas interessantes em restaurantes, festas e jantares.

Annelies de Bruijn conta que já foi festas onde lhe ofereceram uma bebida e todas as opções eram alcoólicas. “Acabei tomando água da torneira”, contou.

Mas pelo menos ela ainda é convidada a festas.

“Sei que sou excluída de alguns convites porque não bebo, e isso deixa as outras pessoas constrangidas”, disse Lori Turner.

  1. Sair com pessoas que bebem demais nem sempre é tão divertido assim
    Os abstêmios dizem que os consumidores de álcool deveriam se olhar no espelho de vez em quando e ver se gostam do que estão vendo.

Eden Darigan Almog tem dois amigos que perdem a graça quando bebem. “Um deles começa a se arrepender das coisas e pede desculpas tipo 50 vezes por minuto”, ela falou. Outro, que desde então parou de beber, “ficava violento e raivoso” sob o efeito de álcool.

“Às vezes é difícil ficar assistindo enquanto pessoas tomam decisões ou fazem coisas que jamais fariam ou diriam quando estão sóbrias. Tomar um ou dois cálices de vinho é uma coisa, mas, quando a pessoa fica realmente bêbada, é constrangedor”, disse Almog, que optou por parar de beber depois de ser paramédica durante anos e ver inúmeros acidentes causados por pessoas embriagadas na direção.

Tonnie Katz notou que, quando as pessoas bebem muito, “pensam que o que estão falando faz todo sentido, mas muitas vezes é o oposto”.

Micah Smith revelou que muitos de seus amigos ficam “altamente sentimentais” quando bebem e “começam a falar para quem quiser ouvir que têm orgulho de nossa amizade ou dizer por que gostam de mim”.

O papo pode começar em tom elogioso e simpático, mas, disse Smith, os amigos muitas vezes perdem as inibições “e acabam falando mais do que deviam”.

*Este texto foi originalmente publicado no HuffPost US e traduzido do inglês.

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