Guerra do sexos: Uso, abuso e dependência

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Na população norte-americana, os homens sempre beberam mais e tiveram mais chances de desenvolver problemas relacionados ao uso de álcool.

Porém, tem-se identificado um estreitamento entre os gêneros quanto à prevalência de uso, abuso e dependência de álcool, fenômeno que nunca havia sido diretamente testado por uma amostra representativa.

Pensando nisso, o presente estudo teve o propósito de investigar, na população norte-americana, evidências sobre a aproximação do padrão de uso (com ênfase no “binge drinking”) e das prevalências de abuso e dependência de álcool entre os sexos.

Foram entrevistados 42.693 indivíduos, de idade superior a 18 anos, a quem se pediu que respondessem um questionário estruturado, no qual foram inseridos os critérios diagnósticos de abuso e dependência do DSM-IV e perguntas sobre o comportamento de beber durante o período de maior consumo de álcool na vida (medidas: número máximo de doses alcoólicas consumidas em uma única ocasião; prevalência, na vida, do comportamento de “binge drinking” freqüente, ou seja, realizado 1 vez por semana ou em maior freqüência).

Com fins de identificar mudanças ao longo dos anos, da influência do gênero sobre o comportamento de beber, a amostra foi dividida em 4 categorias, conforme a data de nascimento, ou seja: (a) 1913-1932; (b) 1933-1949; (c) 1950-1967 e (d) 1968-1984.

Assim, conforme os autores, os homens consomem maior número de doses de álcool/ocasião, porém, a proporção de uso entre os sexos (homem/mulher) diminuiu com o passar do tempo, caindo de 2,91 (1913-1932) para 2,10 (1968-1984).

Já a freqüência de “binge drinking” aumentou entre homens e mulheres com o passar dos anos, porém, a proporção homem/mulher diminuiu, passando de 10,55 (1913-1932) para 2,66 (1968-1984). Já a prevalência de dependência, na vida, aumentou para ambos os sexos com o passar dos anos, mas a proporção homem/mulher diminuiu de 5,07 (1913-1932) para 1,97 (1968-1984), assim como a prevalência de abuso de álcool, de 7,14 (1933-1949) para 1,63 (1968-1984),

Finalmente, a taxa de abstinência, nas diferentes épocas, sempre foi maior entre as mulheres, porém, com o passar do tempo houve um estreitamento entre os sexos, semelhante ao observado às demais variáveis.

Conforme os autores, houve um efeito significativo da época do nascimento sobre a influência do gênero nas diferentes medidas de consumo de álcool e desordens relacionadas. Embora a participação do gênero masculino tenha sido mais prevalente em todos os comportamentos e transtornos, testemunha-se uma convergência entre os sexos, das épocas mais antigas às mais recentes. s

Mecanismos sociais e biológicos que possam explicar essas diferenças devem ser considerados (ex.: maior aceitação social do uso de álcool pela mulher). Dentre eles, outro resultado que merece atenção é que o comportamento de “binge drinking”, embora tenha diminuído entre os homens, tem aumentado entre as mulheres, apontando à necessidade de desenvolver medidas de prevenção e tratamento específicos.

Por fim, os autores sugerem que “pesquisadores e clínicos não devem considerar o grupo de mulheres como pouco provável de desenvolver problemas relacionados ao uso de álcool, de tal forma a incentivar estudos que examinem os fatores socioculturais que encorajaram a expressão do abuso e dependência de álcool entre elas”.

Fonte: Cisa

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