A percepção popular sobre a dependência alcoólica

Tempo de leitura: menos de 1 minuto

Embora a dependência de álcool seja, globalmente, uma das causas que mais afeta o sistema de saúde, poucos estudos têm focado sobre a percepção pública a respeito.

Diante disso, o presente estudo investigou como a população de São Paulo percebe o alcoolismo e suas causas e verificou a percepção de estigma, risco de violência e reações emocionais associados ao indivíduo com dependência do álcool.

Para atender esses objetivos, um levantamento domiciliar foi conduzido com 500 indivíduos, de faixa etária entre 18 e 65 anos, residentes da cidade de São Paulo.

As entrevistas iniciaram através da leitura de uma vinheta cujo conteúdo descrevia uma pessoa de 45 anos com sintomas de dependência de álcool (conforme os critérios diagnósticos do DSM-IV e CID-10).

Após a apresentação, os entrevistados foram questionados sobre:

(a) se a condição apresentada era identificada como uma doença mental; (b) quais as principais causas que elegeriam como origem do problema e (c) se já houvessem tido alguma experiência pessoal com problemas mentais, emocionais, depressão ou uso indevido de álcool e/ou outras drogas. Com relação ao dependente de álcool foram questionados sobre (d) se o evitariam ou teriam idéias negativas a respeito (estigma) e(e) as respostas emocionais a ele dirigidas.

Quanto aos resultados, 18,8% dos participantes disseram acreditar que os alcoolistas são indivíduos mentalmente doentes e grande parcela da amostra julgou que se tratariam de pessoas violentas (principalmente na falta de tratamento).

Embora a maioria dos participantes tenha demonstrado uma reação positiva sobre o alcoolista (desejo de ajudar, cordialidade e piedade), boa parte relatou idéias negativas (68,2%) ou reações de distanciamento (60,4%) das pessoas com esse problema.

Para os entrevistados, os sintomas do alcoolismo estariam freqüentemente associados a fatores sociais e interpessoais (ex.: desemprego e isolamento social), ao invés de enraizados moral ou biologicamente, sugerindo a existência de um modelo moral e psicossocial sobre a etiologia do alcoolismo.

Embora o estudo seja pioneiro, é importante ter cautela ao interpretar os resultados, uma vez que, ao se tratar de um estudo sobre opiniões, ainda mais sobre um assunto polêmico, os entrevistados estariam propensos a responder o “esperado” ou o “socialmente aceito”, produzindo uma situação artificial que pode não refletir a atitude ou comportamento real do indivíduo.

Fonte: Cisa

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *