Propagandas de cerveja incentivam consumo

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Segundo o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), os jovens brasileiros começam a experimentar álcool aos 12 anos. Um estudo recente de pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo, desenvolvido pela professora Roberta Faria e colegas, buscou relacionar os fatores pessoais, biológicos e sociais com a influência das propagandas de televisão que proporcionam esta iniciação precoce.

No artigo “Propaganda de álcool e associação ao consumo de cerveja por adolescentes”, publicado na edição de junho da Revista da Saúde Pública, os pesquisadores mostram os resultados do estudo que interrogou 1.115 estudantes, do 7º e 8º anos de escolas públicas de São Bernardo do Campo, através de um questionário. As perguntas propostas avaliavam fatores como a monitoração dos pais, uso prévio de cigarro, importância da religião e influência das propagandas de bebidas alcoólicas.

A pesquisa revelou que os jovens se identificam com o marketing da indústria de bebidas, pois os comerciais parecem refletir situações de suas vidas. Segundo o artigo, essa similaridade faz os adolescentes classificarem a mensagem recebida como verdadeira, como exemplifica uma das opções mais marcadas no questionário: “as festas que eu frequento parecem com as dos comerciais”. A noção de fidelidade à marca, exposta constantemente nas propagandas de cerveja, também foi descrita como de impacto essencial para a ingestão de álcool precocemente.

Proposta

Como solução, o estudo propõe que sejam implementadas diretrizes mais rígidas para a veiculação de tais propagandas na televisão. Os pesquisadores tomam como exemplo o projeto de restrição à veiculação dessas propagandas em certos horários, como o proposto pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Ministério da Saúde em 2008, e posteriormente derrubado. Para isso, o artigo explicita que é necessário lutar contra uma série de interesses da indústria de bebidas e de representantes dos meios de comunicação.

Outra solução proposta pelo artigo é o investimento em medidas educativas que preparem os jovens para a exposição a este tipo de propaganda, diminuindo assim seus efeitos. “A educação para a mídia visa compreender como as propagandas moldam o entendimento dos jovens sobre seu ambiente. O objetivo é fazer com que o receptor da mensagem – o adolescente – desenvolva uma visão distante e crítica, que o capacite a formar julgamentos e tomar decisões próprias”, comentam os autores.

“Certamente a mídia não é causa direta de consumo de bebidas alcoólicas”, continuam os pesquisadores. “Porém, há associação entre essas mensagens vindas da mídia e o comportamento dos jovens. É nessa conversão da ideia para a prática social que reside uma parte da chamada ‘responsabilidade social’ da propaganda de maneira geral e, particularmente, da indústria do álcool, que não pode ser negligenciada”, afirmam os pesquisadores no artigo.

Fonte: Jornal do Brasil

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