Rastreando Alcoólatras

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O alcoolismo atinge aproximadamente 10% da população mundial. Com esta estimativa, poderíamos nos despreocupar com a questão, mas o problema é que cada alcoólatra leva pelo menos 4 pessoas ao seu redor ao sofrimento.

Desta forma, o alcoolismo atinge indiretamente 50% da população, configurando-se assim em um sério problema.

Por isto mesmo, que alguns estudos apontam que o alcoolismo chega a ser o segundo maior causador de mortes no mundo, perdendo apenas para a fome.

O problema não é de classe, atinge a todos indistintamente. Costumo dizer que a diferença está no estilo do alcoólatra, mas o problema é o mesmo: o empobrecido bebe “pinga”, o enriquecido bebe whisky, a classe média bebe cerveja, mas no fundo todos saem “bêbados” da mesma forma. Porém, como podemos detectar um alcoólatra? Segue alguns passos:

1) Não é pela quantidade, mas sim pela abstinência – Um senhor e 65 anos, desde os 15 está acostumado a beber uma cachaça apenas como aperitivo na hora do almoço. Não chega se quer a afetar seu equilíbrio.

Mas, no dia em que ele deixa de tomar a cachaça, não almoça direito, porque faltou o aperitivo. Nesta situação podemos entender que este senhor de 65 anos é alcoólatra, pois a ausência da cachaça influenciou negativamente sobre sua refeição. Lógico que ele nunca se reconhecerá como um alcoólatra, principalmente a sua família.

2) Para ser comunicativo, a pessoa precisa de uma bebida alcoólica. Com apenas uma pequena dose ela já começa a tagarelar. Mas sem a bebida, a sua introspecção levá-na ao ponto de ficar em casa, trancada em seu quarto. Geralmente observamos este comportamento em adolescentes, principalmente quando o assunto é conquistar alguém. Tanto é verdade que a indústria de bebidas investiram pesado nas Ice (tipo refrigerantes com baixo teor alcoólico).

3) Promotores de festas banhadas à bebida alcoólica. Estes são os eternos churrasqueiros, que na primeira oportunidade de lazer, promovem encontros de amigos banhado a carne e cerveja. Repúblicas universitárias são excelentes ambientes de iniciação. Mas tenho observado, que muitos universitários aprenderam vendo os pais promoverem os churrasquinhos festivos aos finais de semana em casa.

Cenas hilárias do tipo – o pai enche a cara com os amigos durante o almoço festivo, e quando todos vão embora, este pai vai dormir a tarde toda, a mãe fica arrumando a casa e reclamando do marido e os filhos ficam no computador ou TV… -. Depois, quando os filhos adolescentes chegam embriagados em casa, o mesmo pai vai dizer: – “onde foi que você aprendeu isto?”.

4) A paixão cegou a percepção da namorada sobre o alcoolismo do namorado. Ela sabia que ele bebia pra valer, mas era só em festas aos finais de semana. Bebia tanto, que ela mesma já teve a experiência de carrega-lo para o hospital para uma glicose na veia. Mas depois que casou, surpreendeu-se com o hábito cotidiano dele beber, e diz: – “depois que casei ele virou um alcoólatra…”. Ela tenta se enganar para não ter que assumir que já conhecia o alcoolismo dele.

5) Se a pessoa bebe uma dose e deseja continuar bebendo sem conseguir estabelecer o limite para parar, aí temos também um alcoólatra.

6) O futebol de domingo ou durante a semana à noite. Dizem os atletas sedentários que é para manter o corpo saudável. Ao ver uma partida de futebol destes “atletas”, é evidente a barriga. Na praia isto é muito comum, aos domingos centenas e milhares estão jogando futebol de areia pelo litoral brasileiro.

Mas alguém já está colocando a carne no espeto e a cerveja para gelar. Eles vão jogar bola ou estão de olho na festa posterior. Em muitos grupos, mulher nem entra. Lembro-me de quando jogava futebol, de moleque, o dono do time insistia em pagar as vitórias com rodada de cerveja e os pais nem imaginavam que isso acontecia.

São muitas as situações em que podemos rastrear um alcoólatra. Particularmente acredito que os índices da Organização Mundial de Saúde não retratam a realidade, pois 10% da população com perfil de alcoolismo a meu ver, está aquém do que nossa percepção têm observado. Principalmente no Brasil em que até o esporte está sendo financiado por cervejarias.

Se hoje colhemos os frutos da publicidade agressiva do cigarro na TV, onde milhares de pessoas ficaram escravas da nicotina e suas muitas outras químicas; não tenho dúvida que nos próximos 15 anos, estaremos vendo outros milhares sofrendo pelo resultado da propaganda agressiva de bebida alcoólica na TV.

Ao rastrear um alcoólatra, o melhor caminho é encaminhá-lo ao AA, esta organização mundial com os melhores índices de recuperação de alcoólatras. Muitas clínicas de tratamento que só sabem saquear o dinheiro das famílias, vendem a ilusão de que tratamentos medicamentosos e psicoterápticos podem curar.

Não existe psicoterapia que cure alcoólatra. A saída é parar de beber – “evite o primeiro gole” – e esta regra do AA, só serve por 24 horas. Tudo isto porque o alcoolismo é uma doença que não tem cura, o caminho é não beber. Tudo bem, que a psicoterapia pode ajudar no fortalecimento emocional de alcoólatras e da família.

Se na sua família você detectar um alcoólatra, mesmo que você julgue ser algo leve, não “tape o sol com a peneira”, procure pelo AA de sua cidade e participe do encontro de famílias de alcoólatras (ALANOM). Lá você aprenderá como ajudar uma pessoa a se abster-se do álcool. Transforme-se em um bom rastreador de alcoólatras, e ajude famílias a se reencontrarem com a felicidade. Bem perto de você pode estar sofrendo um alcoólatra.

Fonte: Gerson Abarca

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